Campo Grande, 03 de setembro 2023
Em Campo Grande, mais de 8,7 mil crianças estão na fila aguardando vagas nas EMEIs (Escola Municipal de Educação Infantil). Os dados foram divulgados em seminário da Câmara ocorrido na última segunda-feira (28).
Conforme a vereadora Luiza Ribeiro (PT), que propôs o seminário, há uma grande fila de espera de 8.736 crianças. Ela diz que a situação pune crianças, as privando do acesso à educação, excluindo da oportunidade ao desenvolvimento pedagógico. Também penaliza famílias que não têm com quem deixar seus filhos para trabalhar.
“Fui a 106 escolas e encontramos professores e diretores desesperados. Tem um problema gravíssimo. A sociedade está acolhendo a educação infantil como uma oportunidade para seus filhos. É um desafio e a solução não está nas mãos do gestor municipal. É uma responsabilidade de todas as esferas”, cobrou.
Em Campo Grande há obras de construção de Emeis paradas há mais de dez anos, como é o caso do prédio abandonado há mais dez anos e que prejudica crianças que precisam de vaga, na região do bairro Jardim Inápolis. O prédio deveria ter sido entregue em 2011 (clique aqui para ver), depois teve a promessa em 2019, mas ainda hoje continua incompleto e sem funcionar.
Doutora em Educação e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) há mais de 35 anos, a pedagoga Ângela Maria Costa também cobrou mais ação do poder público. Ela cita que a fila é um atestado de incompetência.
“Sempre entendi que, na educação, temos que começar pelo começo. A criança brasileira está sendo roubada de sua infância. Creche é direito da criança brasileira, opção da família e dever do Estado. A mãe que precisa trabalhar, precisa ter a criança na creche. O marginal não brota do chão. Ele foi construído pela sociedade que roubou esse direito quando essa criança nasceu. Não podemos fazer a criança esperar. O tempo dela é hoje. Fila de creche é um atestado de incompetência do Brasil”, criticou.
A coordenadora-geral de Educação Infantil do MEC (Ministério da Educação), Rita Coelho, destaca que a falta de vagas nas EMEIs não é um problema exclusivo de Campo Grande ou de Mato Grosso do Sul.
“É um problema de todo o Brasil que tem relação direta com a história da educação infantil, com a desigualdade de nosso país e com as questões de financiamento e organização do sistema educacional brasileiro”, apontou.
Ela afirma que entre as medidas para minimizar a situação está a construção de mais escolas e término das obras iniciadas. “Talvez, uma das mais significativas e que mais interessa aos prefeitos, é a expansão da construção de novos estabelecimentos de educação infantil e o término de obras paralisadas ou inacabadas da educação infantil”, disse.
O que diz a Semed?
O secretário da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Lucas Bittencourt pontuou que atualmente Campo Grande tem 111 mil alunos matriculados e que a pasta irá buscar soluções para amenizar o déficit.
Segundo ele, Campo Grande tem avançado para destravar obras de EMEIS paralisada com a retomada dos prédios no São Conrado e Inápolis. Ele cita que outras seis estão em fase de licitação: Oliveira 3, Anache, Popular, Talismã, Radialista e Vila Natalia.
“O direito não é só do acesso à escola, mas também de uma formação integral. Hoje, Campo Grande tem 111 mil alunos matriculados. Não é alegria de nenhum gestor ver uma lista como essa publicizada. Não gostaríamos que tivesse 8 mil alunos na lista de espera. Cabe a nós a responsabilidade de buscarmos soluções. A educação é a base de qualquer sociedade”, disse o titular da pasta, Lucas Bittencourt.
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