CAMPO GRANDE PODERIA ESTAR LUCRANDO COM RECICLAGEM DE LIXO

CAPITAL

Este é um trabalho que deve unir população, concessionária e poder público”, afirma Beto Pereira, pré-candidato do PSDB à Prefeitura da capital

Campo Grande, 22 de julho de 2024

Em um ano, o aterro sanitário de Campo Grande recebe aproximadamente 300 mil toneladas (293.757,28t) de lixo. São 941,5 toneladas por dia útil de operação de coleta, segundo a concessionária do serviço na Capital. Isso significa que cada família gera, em média, um quilo de lixo por dia. A maior parte vai para o aterro sanitário, mas um volume considerável ainda tem destinação inadequada. Menos de 1% dos resíduos sólidos são destinados à reciclagem.

“É muito pouco”, afirma o deputado federal Beto Pereira, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande. Para ele, o poder público deve criar mecanismos, em parceria com a concessionária responsável pelo serviço na capital, para ampliar esse volume e colocar Campo Grande no rumo da modernidade. “Não adianta colocar a culpa na população, todos têm que fazer sua parte para que a educação ambiental seja incorporada e a cidade lucre com isso”, afirma.

No Brasil, 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA). Em relação aos países desenvolvidos, o caminho a percorrer é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%.

A falta de reciclagem adequada do lixo tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Levantamento feito pela Abrelpe em 2019 mostrou que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, que poderia gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade.

Mato Grosso do Sul instituiu em 2016 o Plano Estadual de Resíduos Sólidos, e a partir de 2022 a gestão do lixo urbano passou a ser fiscalizada pela Agência de Regulação de Serviços Públicos (Agems). Desde então, a política de resíduos sólidos avançou na meta de acabar com os lixões a céu aberto. De acordo com a Agência de Regulação de Serviços Públicos (Agems), no interior, cerca de 84% das cidades (66 municípios) fazem a destinação final do lixo de forma adequada, em aterros sanitários monitorados.

Em Campo Grande, os recicláveis são recolhidos para a usina de triagem da Solurb – Soluções Ambientais em dias alternados à coleta do lixo orgânico. Mas, como disse Beto Pereira, a gestão do lixo doméstico é uma ação que mexe com todos os segmentos, da população, concessionárias de serviço e poder público. “Tem que ser uma ação coletiva”, reforça.

Quando foi prefeito de Terenos, Beto Pereira construiu a primeira usina de reciclagem da cidade. Com investimento de R$ 300 mil, a usina foi construída em 2016 e iniciou a operação com capacidade de processar 16 toneladas de lixo por dia. Junto com a usina, foi criada uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis.

Para entender

Os resíduos recicláveis secos no Brasil são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%). Os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e contemplam, em especial, os materiais sanitários, não recicláveis. Em relação às demais frações, a sondagem mostra que os resíduos têxteis, couros e borrachas detêm 5,6% e outros resíduos, 1,4%.