Eles atuam nos bastidores para garantir cidadania a todas as pessoas e também para identificar e fornecer provas concretas para processos judiciais que levem a punição daqueles que cometem crimes, que vão de acidentes de trânsito a roubos à bancos, por exemplo. Estamos falando dos peritos papiloscopistas, profissionais que integram as carreiras da Polícia Civil e da Polícia Federal, cujo dia é celebrado hoje, 5 de fevereiro.
Papiloscopista ainda é uma palavra pouco conhecida e que você pode até mesmo nunca ter ouvido falar, mas com certeza carrega parte do trabalho desses importantes profissionais. “Ser papiloscopista é atribuir cidadania, já que cabe a nós tirar a carteira de identidade, por meio da qual a pessoa assegura seus direitos e garante sua cidadania”, afirma a perita papiloscopista Danielle Bueno.
Papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas presentes nas palmas da mão e na sola dos pés. Apesar da nomenclatura ser desconhecida pela maioria da população, os papiloscopistas são os peritos oficiais mais antigos no Brasil, sendo oficializados pelo Decreto 4.764 de 1903.
O trabalho dos papiloscopistas é de suma importância para a Polícia Judiciária, Ministério Público e Poder Judiciário no esclarecimento de crimes. “É uma perícia de excelência que tem o intuito de tecer elementos comprobatórios, ou seja, de poder respaldar a autoridade policial de provas para direcionar ou solucionar um crime”, explica o papiloscopista Luiz Carlos Ferreira.
Com 19 anos de carreira, Antônio Marcos dos Santos Braga, se diz apaixonado pela papiloscopia. É daquele tipo de profissional persistente, que no trabalho pericial esgota todas as possibilidades. “Quando você está trabalhando e o resultado é positivo a sensação é muito boa, de dever cumprido, mas quando não encontra nada é bem frustrante também. Então eu não sossego enquanto não localizo o vestígio. A gente sabe que nem sempre vai conseguir, mas na maioria dos locais, com um pouco de paciência e muita persistência é possível encontrar sim provas que por meio do cruzamento de informações levem a autoria de um crime”, garante.
Para o diretor do Instituto de Identificação de Mato Grosso do Sul, Márcio Cristiano Paroba, a perícia papiloscópica é um dos meios de provas mais eficazes que existe, tanto para a indicação de autoria de crimes, como na busca de pessoas desaparecidas. “É de grande relevância para o Inquérito Policial, pois auxilia nas investigações nos locais de crime, apresentando sua magnitude científica na identificação humana, sua eficácia e precisão na indicação da autoria e da materialidade dos delitos”, ressalta.
Paroba lembra ainda que o trabalho do perito papiloscopista não se restringe apenas as impressões digitais, mas a toda identificação, sendo esses profissionais os responsáveis também pelos retratos falados, exames prosopográficos, que é o estudo dos traços fisionômicos de uma pessoa, além da identificação necropapiloscópica, método que consiste no reconhecimento de cadáveres, por meio de técnicas que variam de acordo com o estado em que o corpo de encontra.
Como se tornar um papiloscopista
Em Mato Grosso do Sul para ser um papiloscopista é preciso ter mais de 18 anos, curso superior em qualquer área e ser aprovado em concurso público da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, que conta com etapas como prova escrita, testes psicológico e físico e curso de formação.
De acordo com o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, o edital do próximo concurso deve ser publicado ainda neste semestre. “O concurso para as várias carreiras da perícia criminal, inclusive para perito papiloscopista já foi autorizado pelo governador Reinaldo Azambuja e o edital que está sendo elaborado pela Secretaria de Administração do Estado será publicado ainda neste semestre”, assegura.
No Mato Grosso do Sul os peritos papiloscopistas atuam nos Postos de Identificação, onde são feitas as carteiras de identidade, nos Institutos de Medicina e Odontologia Legal, no Instituto de Identificação Gonçalo Pereira, na Coordenadoria Geral de Perícias, na Polícia Civil e na Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. Há ainda a possibilidade do profissional ser mobilizado pelo Ministério da Justiça, por período determinado, para atuar na Força Nacional de Segurança Pública, em qualquer estado do Brasil e na Secretaria de Operações Integradas e Secretaria Nacional de Segurança Pública, em Brasília.
Texto: Joelma Belchior
Fotos: Sejusp/MS
Publicado por: lspereira@sejusp